Provavelmente responderam que sim para não ver mais ofertas, embora a resposta real fosse não porque estavam a organizar a vossa própria viagem em vez de procurar uma agência.
Quase sempre vemos o seguro de viagem como uma despesa extra desnecessária, até que um dia o sistema informático da National Rail falha e o teu Stansted Express, que te custou a módica quantia de 25 libras "para chegar do centro de Londres a Stansted em 35 minutos", fica parado uma hora no meio de um túnel. Quando finalmente chega a uma estação e os passageiros podem sair, não há carros disponíveis na Uber, na Bolt ou em qualquer outra app, os táxis já não atendem o telefone e há centenas de passageiros (deste e de outros comboios) a tentar chegar a tempo ao aeroporto.
No meio da confusão, consegues agarrar um táxi que divides com uma rapariga do Irão a caminho de uma rave em Berlim, um judeu ortodoxo frustrado porque não pode viajar no dia seguinte (é Shabbat) e dás conta que já não te sobram libras suficientes para pagar a parte que te corresponde. O taxista não recusa o teu Revolut, mas felizmente o senhor-que-não-pode-perder-o-voo-hoje aceita os teus euros para não perder mais tempo a discutir com o taxista-pouco-tecnológico.
Chegas ao aeroporto, corres para chegar à fila mas a fila não avança, os funcionários parecem em deleitados em demorar mais do que costume e perdes o voo. Reencontras todas as pessoas do táxi de volta no balcão da Ryanair, porque ninguém chegou a tempo, e acabas por pagar 100 libras por um stand-in ticket, que não te garante lugar no voo das 22:40, dali a umas… 10 horas. 10 malditas horas num aeroporto que não passa de um armazém com duas casas de banho, um Burger King e dezenas de pessoas a fazer e a desfazer a bagagem para caber na cabine. Pior do que um voo cancelado, porque aí tens certos direitos que a companhia aérea assegura.
Esta história é absolutamente real. Se tivesse feito um seguro de viagem, teria poupado as 100 libras e muita chatice. Voltei a viajar sem fazer um seguro de viagem? Claro que sim. Correu mal? Não, porque da vez seguinte voei para Luton ("mais próximo, menos chatice", pensei) e fui com tempo de antecedência suficiente para aguentar um alarme de atentado em King's Cross umas três horas antes do voo. Faria um seguro de viagem agora que as cidades ficam em lockdown de um dia para o outro? Sem pensar duas vezes. Vale a pena fazer um seguro de viagem se houver viagens da National Rail envolvidas? Definitivamente.
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